sábado, 29 de novembro de 2008

Olhos de ressaca

Procurei-lhe naquele copo de chopp a 3,90 reais, mas lá não pude lhe encontrar.
Vaguei a mesa de madeira procurando seus braços e abraços, entretanto não os achei.
Sua mão também estava desaparecida, longe e desencontrada da minha.
Quando finalmente encontrei seus lábios
Meu coração batia descompassado.
Ao beijar-lhe, provando o vazio de sua boca,
Percebi que seus olhos oblíquos mal fitavam os meus.
Sua insistência em não me encarar nos afastou rapidamente.
A ressaca da maré afogou-me em desilusão.
Sentindo agora minhas memórias ressurgirem,
Como as de Bento Santiago no romance Dom Casmurro,
Decido morrer longe de seus olhos de ressaca, para sempre.

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