sábado, 10 de maio de 2008

Dos olhos caudalosos

O que é o amor? Um bem estar mútuo, uma pequena dose de alegria e muitas outras de tristeza?
O que é amar? É sentir-se protegido quando abraçado, é encontrar-se nos olhos de outra pessoa que estranhamente não nasceu em ti, mas que faz parte de cada pedaço de teu ser?
O que é sentimento? O julgamos tão abstrato... Mas o que o descompasso do coração e as mãos frias são senão a mais pura e verdadeira demonstração de sentir?
O que é ausência? É uma cadeira vazia ao pé da cama? É um estar contínuo de tristeza que quando parece cessar, dói infinitamente mais (porque, para não esquecer, criou-se a saudade).
O que é viver? É lamentar-se quando chuva e sorrir-se quando sol? E quando lua, morremo-nos?
O que é morrer? Morrer é a libertação da alma para quem se vai, e a falta da presença para quem fica.
Conseguem os poetas escrever sem pensar em algo que os inspire? Porque o pobre poeta vive a duras penas, porque o lamento e a tristeza toda hora, todo dia? Calo minha voz. Só sei responder com palavras escritas.
Porque a verdadeira magia das palavras - e a mais secreta de todas- é presentear o poeta com chegadas e adeuses. É como se cada poesia fosse um navio em alto mar, que corre grandes perigos e aporta na primeira pessoa que acenar-lhe com um lenço branco.
O poeta sabe escrever (parabenizem-no, joguem-lhe flores e sorriam grandes sorrisos amarelos...!) porque chora antes, durante e depois de finalizar seus versos com um ponto.
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Um comentário:

Breno Peres disse...

Muito bom mesmo.
O de cima deste é muito bom tambem... Não comentei porque continuei empolgado, lendo.

Beijo =*