quarta-feira, 27 de maio de 2009

Alforria

Não sei mais porque insisto em cultivar esse meu querer.
Há alguns anos, tudo era você, mas hoje não me faz mais sentido escrever poesias que lembrem de seus olhos, se eu não mais os vejo.
O sentido de evocar rimas para falar de sua voz não me vale mais.
A sua voz só me aparece em sonhos, deturpados e obscuros sonhos...
Tudo o que me era certeza, perdeu o sentido.
O ofício de devotar-me perdeu a cor e a simplicidade que tinha.
Agora eu perco gradativamente o interesse, a disposição, a felicidade espontânea em rimar seu nome.
O amor que eu tinha vai vazando de mim, e eu te perco ao andar pelas ruas.
Vou esvaziando, estou mais livre.
Algumas algemas não são feitas de ferro, tampouco de aço.
Algumas algemas são construídas por nós mesmos, e o momento de livrar-se delas é precioso, é único, é a alforria dada de bom grado a si mesmo.
É o respeito à própria liberdade.
Ausência foi tudo o que me restou.
Nela reconheço a ordem de desprender-se, e a cumpro gradativamente, com algum medo, confesso, mas sempre em frente.

2 comentários:

Claire disse...

Muito legal!!!! adorei!!! parabens

Breno Peres disse...

Como sempre, fuderoso!

Beijo