Recosto meu ouvido em teu peito
e sigo a noite escutando
a contração involuntária do coração alheio.
Não bastasse o que sou obrigada a ouvir no cotidiano
arranjo tempo para ouvir seu tatibitate.
Ouço ainda o sangue que passa
pelo átrio esquerdo.
Fechar os olhos é ouvi-lo melhor.
Não movimento-me e posso sentir a pulsação
vibrar por meu corpo.
Em verdade, não importa o companheiro
seu nome ou ascendência.
Que fosse o ser amado ou utilizado
para saciar a carência.
Não recordo de haver neste mundo
um pingo de decência...
O que importa é que tem um coração
que satisfaz minha curiosidade
em longas vibrações...
Que pode querer um poeta
mais do que ouvir o coração alheio
e descrever isto em poesia?
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