domingo, 20 de setembro de 2009

Quatro cavidades

Recosto meu ouvido em teu peito
e sigo a noite escutando
a contração involuntária do coração alheio.

Não bastasse o que sou obrigada a ouvir no cotidiano
arranjo tempo para ouvir seu tatibitate.
Ouço ainda o sangue que passa
pelo átrio esquerdo.

Fechar os olhos é ouvi-lo melhor.
Não movimento-me e posso sentir a pulsação
vibrar por meu corpo.

Em verdade, não importa o companheiro
seu nome ou ascendência.

Que fosse o ser amado ou utilizado
para saciar a carência.

Não recordo de haver neste mundo
um pingo de decência...

O que importa é que tem um coração
que satisfaz minha curiosidade
em longas vibrações...

Que pode querer um poeta
mais do que ouvir o coração alheio
e descrever isto em poesia?

Nenhum comentário: