domingo, 16 de março de 2008

Anel

Estava distraída, pensava em qualquer coisa sem importância. Notou o anel que trazia no polegar, carregado de lembranças. Não queria colocá-lo na estante, pois ao acordar, veria-o intacto, contando histórias e muitas cenas que preferia esquecer.
Já era hora de descartá-lo.
Não pensou duas vezes: abriu a janela rapidamente, sentiu o vento gelado da madrugada contrastando com seu corpo quente: jogou o anel, que fez uma curva e caiu em algum lugar do jardim.
Da janela do número 14, velava o passado que jazia junto com a terra e as pedras da madrugada.

Na rua, ninguém dizia nada.
Já estavam todos dormindo.
Quem ficaria para ver esta cena?
Só mesmo o leitor interessado e o autor desconsolado (este último, que velava o passado que jazia junto com a terra e as pedras da madrugada).

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