para Carlos Drummond de Andrade
Carlos,
Andando pelas redondezas de meu bairro,
Ao atravessar a rua gelada que corta a avenida,
Notei um buraco cheio de barro,
No meio da rua comprida.
Pensando no que poderia ser aquilo,
Agachei-me cuidadosamente ao seu redor,
E num momento sereno e tranqüilo,
A rua silenciou-se sem pudor.
Escondida em meio ao barro e toda sujeira,
Recoberta de poeira e pedras da rua,
Estava uma flor suja e inteira,
Descansando debaixo da grande lua.
Em meio do chão, feia e pobre,
Encontrei a flor que furou o asfalto.
A sua flor que furou o ódio
O tédio
O nojo.
Faço minha promessa: a regarei todo dia,
Ao seu redor, cantarão e farão todo tipo de dança.
Assim, a flor crescerá forte e sadia,
E logo nutrirá o mundo de esperança.
Por aqui, sentimos saudades de ti.
A Itabira de ferro deu lugar a um céu azul de verdade.
Os itabiranos sentem orgulho de seu mais gentil habitante,
Carlos Drummond de Andrade.
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