Gritos mudos entre paredes de madeira.
Paredes surdas como soldados de pedra.
Pedras no túmulo como lembrança e homenagem.
Vão enormes anunciam a destruição.
O cemitério encheu-se de conhecidos,
Seis milhões de conhecidos,
Como eu lhe conheço e tu me conheces.
Mas se nos conhecemos e partilhamos o mesmo passado,
Porque não acendemos velas todos os dias
Como quem pede proteção todas as noites
E agradece todas as manhãs pela proteção que tem?
Não foi uma pessoa, tão pouco duas ou três.
Foram seis milhões.
Seis milhões que descansam porque sabem
Que a chama da memória resiste a qualquer vento futuro.
E nós seremos teu lampião.
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