O poeta tenta, em vão, fazer uma poesia.
Pobre poeta.
Mal sabe ele que as luzes que piscam lá fora
Anunciam o Natal.
Nem desconfia que o grito uníssono da calçada
É do coro de meninos da Igreja que entoa músicas natalinas.
Não imagina que a noite caiu porque o sol dorme
Em meio às nuvens flutuantes.
O poeta não sabe que as luzes que piscam
São sinalização do último acidente de trânsito.
O poeta não desconfia que o gríto da calçada
Vem do coro de meninos pobres, rotos e mortos de fome.
O poeta não imagina o que a noite é capaz de fazer
Com os homens cheios de preguiça.
É capaz - a maldita - de levar a crer
Que o mundo não é feito de injustiça.
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