sexta-feira, 23 de maio de 2008

Carta de primavera

Meu querido,

a noite por aqui está fria e bastante escura. Não há mais nuvens no céu desde a última vez que fui ao jardim. Soube que uma frente fria chegará até onde você se encontra. Não esqueça de agasalhar-se, é perigoso ficar doente longe de casa.
Segundo as contas que faço em nosso jardim (plantando uma rosa para cada dia de sua ausência), 60 flores sinalizam sua partida. Há tempo não sinto seu cheiro do meu lado direito da cama. Só os lençois ainda guardam um pouco de seu perfume...
A primavera se aproxima, e com ela as rosas de nosso jardim vão se multiplicando como por encanto. Este lugar ficou muito quieto sem sua voz e sua presença. Sem seu carinho e afago, tornei-me um pouco ríspida com os vizinhos, mas creio que todos compreendem.
Peguei um costume novo: o de ficar na varanda de nossa casa durante o pôr-do-sol. Fico sonhando acordada com o momento em que você chegará, largará as malas no meio da rua e correrá para me abraçar.
Aprendi que a saudade dói demais... e por mais que doa, sempre cutuco-a para lembrar-me de cada detalhe de seu rosto e cada tom de sua voz.
Querido, não demore muito mais onde você está. Todos os cômodos desta casa tornaram-se estranhos sem sua presença. Sinto saudades de olhar em seus olhos profundos...
Já está na hora do pôr-do-sol, te encontro na varanda.
Muitos beijos,

xxxxxxxx

Nenhum comentário: