sexta-feira, 27 de junho de 2008

Infinito

Querido,

Não se chateie com minha partida. Sei que precocemente fui tirada de seus braços, mas a vida joga com suas próprias regras. Então não chore muito, meu amor, que minha ausência é apenas física. Esse corpo cansado volta à terra gélida de onde todos saíram, mas minha alma ficará dentro de seu corpo quente, santuário meu, onde pude florescer completamente.
A morte já nasce conosco assim que chegamos a esse mundo, então não se engane, querido, porque sempre morou dentro de mim meu próprio fim. É necessário querer viver para enganar a morte, porque ela é onisciente e fatidicamente faz parte de nosso corpo. Por isso, querido, meu corpo deve ficar enterrado longe, bem longe, para que assim a morte consuma eternamente esta carne que me resta e deixe em paz minha alma.
Tudo o que é realidade não passa de ilusão, porque para se ser realmente feliz é preciso transformar o mundo no que sonhamos, e o que sonhamos é ilusão. Por isso não se incomode muito se acaso planejar uma mudança e nada acontecer. Somente tenha a certeza que sua tentativa foi a mais doce e singela de todas. Então parta, meu amor, para onde você quer estar, porque ali você encontrará abrigo.
Morarei em seu corpo até o dia em que a morte que nele vive desejar apresentar-se. Aí então partiremos, minha alma e a sua, para o alto, o mais alto e longínquo lugar dessa existência, além das estrelas e das galáxias, acima de qualquer palavra, nossas almas subirão entrelaçadas.
Subiremos, meu amor, até aonde quisermos. Esquerecemos tudo.
O infinito de nossas almas estará junto para sempre.

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