quinta-feira, 9 de julho de 2009

Fitar o teto

Tentar escrever e não rabiscar uma linha sequer.
Enxugar da caneta um verso ou rima qualquer,
e sentir o verso cair do barranco e estribuchar-se no chão.
Sair pelas ruas procurando a poesia prosaica,
talvez um último suspiro, quem sabe.
O cúmulo da solidão é este:
segurar as mãos de um manequim branco e sem vida
numa loja cara e colorida,
para sentir-se viva novamente.
Sentar para escrever e nada fluir,
esquecer de viver para tentar existir
numa folha de papel.
Existência negada, a folha de papel já amassada não vale nada.
O suor que escorre do rosto é o perfume da falta que se tem com a poesia.
Definho numa cama tentando elaborar versos e rimas,
histórias fantásticas de romance ou suspense.
Há quem pense que posso estar sem inspiração,
mas outrora eu poetizava para um orelhão!
E agora... o que eu posso fazer?
E sem a poesia... do que poderei viver?
Terei de acordar definitivamente para a relidade?
Ou será que ainda resta minha drummoniana metade
de falar da vida e do amor,
de prever a próxima carícia,
de filosofar sobre a ausência,
de sentir pena de Itabira,
e de acordar para a ternura de uma cidadezinha qualquer?
Quem sou eu, que vomita poesia num gesto maquinário e sem censura?
Eu sou o verso do abismo,
eu morro pela literatura.

Um comentário:

Breno Peres disse...

Forte... Forte...

Beijo, Negaaa :*