sexta-feira, 25 de junho de 2010

Por debaixo da terra

Negam à raiz seu tronco
e ao tronco, negam os galhos.

Aos galhos, negam as folhas
negam a flor, negam o fruto.

Tiram-lhe o esplendor da primavera
a melancolia do outono
e o desespero íntimo do inverno.
Não verão.

Tudo o que é árvore
o que um dia lhe foi forma
raiz, pedaço de terra
lhe negam: não existe.

Em vão lhe perguntam "então de onde vem essa sombra?"
"e de onde vem esse fruto?".
Ainda assim lhe negam a vida
a morte, o tempo, o direito ao luto.

De quando em quando
negam aos homens sua história
e às flores, seus botões.
Em holocausto vivem os homens
que negam mais de seis milhões.

3 comentários:

Breno Peres disse...

Como já te disse:

me nego a acreditar na negação.

beijo, linda.

LetrasAlinhadas disse...

:) Gostei!

T@CITO/XANADU disse...

A Alma
se veste de palavras
para não ficar escondida
e ser amante
e amada.

Belos versos!
Tácito
(No rastro da poesia)